quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Eu sou apenas uma menina


Você é uma menina. Treze, catorze anos. Insegura, tímida. Começa a se interessar pelos garotos. E não vai demorar para perceber que homens e problemas aparecem juntos em sua vida. Você não sabe lidar com o mundo novo no qual está entrando. Seu corpo está mudando. Os pêlos estão aparecendoassim como os peitinhos, bunda... Surge novos interesses. Aparecem as primeiras festinhas. Você não sabe direito que roupas escolher. As sugestões de sua mãe lhe parecem horríveis. Mãe nunca acerta na roupa do filho, uma lei tão velha e tão eterna quanto as estrelas no céu e as ondas no mar. Ser criança era muito mais fácil.
Mas seu dia chegará. Os dias hão de passar. Você vai crescer e seus problemas desaparecerão. Você será uma mulher firme, forte, como as garotas mais velhas.
Seu olhar mistura admiração e inveja. Elas parecem tão seguras.... Tão confiantes. Com suas roupas coladas, maquiagens e estilos são demais... . E os meninos da sua classe estão apaixonados por elas, não por você. Elas são melhores que você. Já devem até ter dormido com algum cara. Elas já se libertaram daqueles programas sem graça com a família.
E eis que você é como elas. As garotas maiores que você via de longe. Você imaginava que sua vida seria outra. Mas não foi bem assim. Você cresceu, até viaja sozinha, sem os pais, com os amigos. A virgindade ficou para trás, mas você já percebeu que o sexo não é o fenômeno extraterrestre que você pensava ser antes de experimentá-lo. É bom, às vezes muito bom, algumas vezes ótimo. Mas não é coisa do outro mundo. A terra não treme sempre ao fazer sexo, ao contrário do que você sonhava.
Você já é uma mulher. Ou quase. E pensava que a segurança viesse com o tempo, com a mesma naturalidade com que a terra se molha quando vem a chuva. Mas não.
Você parece a mulher mais segura do mundo, como todas as suas colegas e amigas. Mas só parece. Lá dentro continua uma criança, como todas as suas colegas e amigas. Todas disfarçam bem. Todas aprenderam que ser mulher é ser forte. Você queria gritar socorro, mas não convém demonstrar fraqueza.
E então você ri, porque a vida é mesmo engraçada, repleta de crianças fingindo-se de gente grande até o último dos dias.

5 comentários:

  1. Não é um poema e nem uma história de amor. Mas poemas nem sempre são doces e histórias de amor não são tão belas mais. Falei essa melação toda - e me desculpe essa filosofia - porque adorei o texto. Achei lindo. Simples, porém lindo. Parabéns.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  3. Nossa amei seu texto. Tudo isso acontece conosco mesmo, principalmente quando crescemos e começamos a entender realmente como são de verdade as pessoas e nós.E quantas vezes isso não acontece...
    "Você queria gritar socorro, mas não convém demonstrar fraqueza"
    E a fraqueza realmente nunca convém!

    ResponderExcluir
  4. QUE FRASE: "Mãe nunca acerta na roupa do filho, uma lei tão velha e tão eterna quanto as estrelas no céu e as ondas no mar."

    LINDA

    OLHA, VOCÊ "já percebeu que o sexo não é o fenômeno extraterrestre que você pensava ser antes de experimentá-lo" MAS SABE DE UMA COISA, EU AINDA ACHO QUE É... PARECE COISA LÁ DO CÉU...

    ResponderExcluir

Que comentem...