Existe sempre aquele momento, que se possível e conveniente, temos a oportunidade de desabrochar tudo aquilo que guardávamos, e que seria necessário estourar.
Se esse momento não chegou, ele virá. Por mais que todas as portas estejam trancafiadas, às sete chaves e não haja frestas nas janelas, saindo pra rua tudo é possibilidade. E a escolha de voltar algumas semanas no tempo, e colocar em pauta tudo o que você não disse, e deveria ter falado tudo que não saiu da sua boca, e o outro deveria ter escutado, chega.
Quando um gentleman pousa no caminho, nos resta lembrar que: com tanta perfeição assim, qualquer erro vai virar catástrofe. E acho realmente, que isso foi sim acontecendo.
Secretamente, um cavava buracos, enquanto o outro chutava a areia.
Era tão óbvio que não ia dar certo, por que diabos fantasiaram o meu conto - que poderia ser erótico, histórico, transformador ou etílico, menos de fadas. E mesmo sabendo que, meu livro já se encontrava pleno em histórias bizarras, em crônicas pela metade e clichês imundos, você seguiu a fila.
Andou até onde todos foram, e entrou pra mais uma história conturbada, e mal acabada. Mais um... parabéns. É o que você conseguiu ser.
Também acho um crime duas pessoas que teriam tudo pra se dar bem, não acontecerem de fato.
Mas depois de tanto tempo, dá uma preguiça enorme voltar, e apanhar as partes ocas e destroçadas na ventania, e montar novamente, reconstruir um erro; como se nada tivesse acontecido.
Dizem que quando a gente está distraído, podemos assustar os animais do bem, as coisas boas da vida: passam sem perceber e dar alarde, e muito mais tarde, sentimos falta.
Mas...
"Não deixa de ser curioso que eu creia irracionalmente
que poderia ter sido melhor,
e que isto baste para me amargurar e me conformar.
Para mim significa uma espécie de fruição lenta imaginar
as prováveis prolongações de certas dúvidas do passado
e fantasiar como teria sido este presente se
em um outro momento eu tivesse decidido por outro rumo.
Mas existe verdadeiramente outro rumo?
Na verdade, só existe a direção que tomamos.
O que poderia ter sido não conta. Ninguém aceita essa moeda;
nem eu."